Faz hoje 6 meses do dia da tua morte.
É estranho escrever "morte", acho que é a primeira vez que o faço, normalmente escolho outro termo, (partiste, saíste, foste embora), mas não vale a pena fugir da palavra, que é o que tenho feito.
É real, apesar de me parecer um pesadelo!
Não foi e não é fácil entender o que aconteceu, não é fácil aceitar, não é fácil superar a tua morte, não é fácil viver. Para ser honesto, é aterrorizador existir assim, sem ti.
O tempo passa e a dor aumenta.
O tempo passa e o sofrimento é constante.
O tempo passa e a minha vida continua um vazio.
Sinto que agora estarás a dizer-me: - Então e os nossos filhos, agarra-te a eles, sente o quanto eles enchem a tua vida.
É verdade meu Amor, enchem, enchem de orgulho, de amor, enchem tanto, que neste momento só eles tornam possível continuar o nosso caminho. Mas o vazio que a tua ausência me trás, nem eles conseguem preencher, não é o lugar deles ocupar o teu.
Tu sabes como ninguém, do meu egocentrismo, da minha auto-admiração, com todos os prejuízos ou benefícios que advêm desta minha filosofia. E também sabes que Tu sempre foste, a seguir a mim, a pessoa mais importante na minha vida, não os Filhos, não os Pais, não o Irmão, eras TU. Na minha perspectiva, só o NÓS pode proporcionar o ELES, logo só o NÓS pode vir em primeiro lugar, nunca o ELES.
Quando se invertem estes factores, deixamos de viver a nossa vida, deixamos de ser autênticos.
Não vale a pena achar, que os nossos queridos filhos mais lindos do mundo, serão algo mais ou algo menos, do que serem FILHOS e nunca poderão ocupar ou preencher a tua ausência.
Apesar do meu egocentrismo, tu conseguiste algo que não seria suposto acontecer, (quase me penitencio por o ter permitido), completaste-me o EU! Preencheste lacunas, alargaste horizontes, fizeste-me ver e sentir mais além. Na pirâmide da minha vida, sempre fui só eu a estar no topo, de repente coloquei-te a meu lado nesse topo e nesse momento deixei de ser a pessoa mais importante do mundo, para passar a ser a nossa equação,
EU+TU=NÓS.
A tua presença em mim é de tal grandeza, que continuas no topo da pirâmide, bem junto de mim, não mais do que Eu, mas também não menos do que Eu.
Este é o problema que terei que resolver, a desmaterialização da materialização.
Este é o meu maior problema, tens de sair do topo da minha pirâmide, tens de voltar ao teu lugar, para que eu possa ter espaço para respirar, para ter espaço para viver e para que possa voltar a gerir tudo em função apenas de mim. Mas não sei como o fazer!
Amo-te tanto.
O tempo passa e cada vez tenho mais saudades.
Não tenho dado grande importância a este dia, mas ontem adormeci a pensar que fazia 6 meses e hoje passei o dia a contar os dias, em que o dia se transformou em noite e a noite em pesadelo.
Prometo que vou conseguir seguir em frente, mas estás tão impregnada em mim que não é tarefa fácil.
Já me alonguei demais, para terminar só te quero dizer que não houve um único dia, em que não veja e sinta o teu abraço, o nosso ultimo abraço e de desejar voltar para lá.
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